Arlindo Cruz faleceu aos 66 anos nesta sexta-feira, 8 de agosto, no Rio de Janeiro. O cantor e compositor estava internado no hospital Barra D’Or, na Zona Oeste da cidade, onde sua morte foi confirmada no início da tarde. A informação foi divulgada por sua esposa, Babi Cruz, que o acompanhava desde o agravamento do quadro de saúde.
Desde março de 2017, Arlindo convivia com complicações sérias causadas por um acidente vascular cerebral hemorrágico. O músico ficou hospitalizado por cerca de um ano e meio após o episódio e, desde então, dependia de cuidados constantes e equipamentos médicos para manter suas funções vitais. Ele se alimentava por gastrostomia, com sonda inserida diretamente no estômago, e respirava por uma traqueostomia.
Tudo começou na tarde de 17 de março de 2017, quando Arlindo passou mal em casa, pouco antes de viajar para um show em São Paulo. Ele foi levado às pressas para a Coordenadoria de Emergência Regional (CER) da Barra da Tijuca, onde chegou inconsciente. Os médicos conseguiram estabilizá-lo com medicamentos para controlar a pressão e suporte respiratório. À noite, o cantor foi transferido de ambulância para a Casa de Saúde São José, no bairro do Humaitá, Zona Sul do Rio.
Já no dia seguinte, 18 de março, Arlindo, então com 58 anos, passou por uma cirurgia para colocação de um cateter cerebral, que serviria para monitorar a pressão intracraniana. A intervenção era uma tentativa de minimizar os danos causados pelo AVC.
Na biografia O sambista perfeito, escrita por Marcos Salles, a esposa do cantor, Babi Cruz, conta como precisou se adaptar completamente à nova rotina do marido. “Eu optei por isso”, disse ela, referindo-se à decisão de assumir todos os cuidados da casa. Ela também relatou que dois cuidadores se revezavam no atendimento diário a Arlindo, além de visitas frequentes de fisioterapeuta, oftalmologista e dentista.
“Arlindo não esboça dor, não esboça reações ao frio, calor, fome ou sede, a gente tem que adivinhar, tem que ir na intuição”, explicou Babi. Segundo ela, após um episódio de broncoaspiração, a alimentação do artista passou a ser feita exclusivamente por sonda.
“O rim dá um problema, não funciona, a gente corre e cuida do rim. Aí o pâncreas dá outro problema e tem que correr também. A parte neurológica é que ficou radicalmente definida: ele não volta, o estrago do AVC foi num lugar muito nobre do cérebro. A gente fala com Arlindo o tempo todo, damos bom dia, eu chamo ele de pai, como se não tivesse problema nenhum. E ele fica ali olhando, olhando. Percebo que ele está cansado, mas, enquanto ele não desistir, eu também não desisto dele”, afirmou.